– 2025 é o ano da Inteligência Artificial
Quantas vezes você já ouviu isso?
Para cada “esse ano é o ano da [complete aqui]”, surgem milhares de especialistas. Hoje, são as IAs; ontem, as criptomoedas. E amanhã? O que vem por aí?
Comentário anti-críticas: não há problema algum em aprender sobre todos esses temas, ao contrário, é desejável. No último texto do Além da Influência, concluímos que business influencers precisam sedimentar os conceitos que envolvem suas atuações para fortalecer seu espírito crítico. Dito isso, nosso ponto neste texto é outro.
Você acha possível alguém ser especialista em todas as tendências que surgem?
Não estou falando em tendências específicas do marketing, negócios, ou de sustentabilidade. Há princípios em cada uma dessas áreas que facilitam a compreensão de novas convergências.
Exemplo: antes se usava mais marketing de conteúdo, agora é marketing de influência.
Nesses casos, é bem provável que profissionais do marketing consigam ser proficientes em ambos tipos de marketing.
O que não é comum é ver creators que “sabem de tudo”. Sinto lhe informar que ao contrário do que se projeta, essas pessoas não são como Leonardo Da Vinci. No máximo, especialistas em dizer que são especialistas.
LinkedIn é uma rede profissional. Como consequência, alia networking, criação de conteúdo, desenvolvimento de carreira e busca de novas oportunidades de emprego
Se você tem hábito de refletir sobre como todos esses fatores citados acima se conjugam, deve ter percebido que não adianta apenas ficar aplicando vagas, as oportunidades vem a partir da esperteza em criar um formato para distribuir seu conhecimento e sua jornada profissional.
É dessa combinação entre criação de conteúdo profissional e conhecimento que se forma a classe de business influencers.
Avançando um pouco, você sabe o que separa os amadores dos profissionais?
– É que um é profissional e o outro não.
Essa resposta óbvia – e provocativa – é para situar que quem se destaca é porque leva seu conhecimento e estratégia a sério.
Importante dizer que o amador não cria conteúdo gargalhando. O que se discute aqui é o nível de entrega, tanto em estratégia, quanto em conteúdo.
Você tem bem menos concorrentes do que pensa
Em números, somos milhões de creators (dados da Adobe sobre o Brasil). Na prática, esse número é bem mais modesto. Por isso, mesmo saturado em quantidade, sempre falamos que há espaço para produzir.
Criamos um guia do que não ser. Poderíamos chamar de um guia negativo, para você identificar, refletir e não aplicar. São quatro tipos perfis de creators que se você passar por eles, atravesse a rua:
1. Tão profundo quanto uma gota
Esse tipo de perfil geralmente posta muito. É dica pra lá, dica pra cá. É carrossel, vídeo, texto, carrossel de novo. No fim, se compilar todos esses conteúdos, não enche uma lauda. Pior, é quase sempre a mesma coisa, só muda o formato. As IAs generativas são seus maiores cúmplices nessas produções
Se o problema é falta de tempo, diminua o volume de postagens para entregar nem que seja um conteúdo semanal, mas que, de fato, agregue na vida de quem for consumir. É papo clichê, mas quantidade e qualidade nunca estiveram de mãos dadas. Se duvidar, nem se conhecem. Além disso, uma das métricas mais significativas para identificar se a pessoa gostou de algo ou não, é quando ela dá de cara com o conteúdo e rapidamente sai. Você pode ser uma máquina de liberação de dopamina, mas se entregar algo que todo mundo já sabe, esqueça! A retenção será zero.
Fale do que você trabalha, estuda, ou do próprio processo de aprendizagem, com suas limitações e desejos.
Se até isso você não sabe…não há o que compartilhar.
2. Sommelier de trend topics
Pula de tendência em tendência. É o tipo de perfil que tratamos na introdução.
São “incrivelmente” especialistas apenas no que está bombando. E é tão volátil, que podem falar de investimentos em NFTs e logo em seguida traçar a maior teoria cinematográfica/antropológica sobre a representatividade da Fernanda Torres como indicada ao Oscar.
– É uma injustiça Ainda Estou Aqui não ser indicado para melhor roteiro adaptado.
– Você leu o livro do do Marcelo Rubens Paiva?
– Não
– Assistiu às outras indicações?
– Também não
Não vá nessa onda, sempre há assuntos quentes, independente da área. Use os assuntos do momento para agregar no seu espectro de conhecimento. Bem ou mal, citei Fernanda Torres e Ainda Estou Aqui, de relance, apenas numa exemplificação.
Saiba que nem sempre isso é possível. Quando não for, levante e tome um café, leia, mas não escreva. O silêncio também agrega.
3. Acha que é creator, mas na verdade é vendedor
Se tem uma coisa que tenho medo é da falsa oferta. Você já deve ter olhado algum produto e pensado:
– será que isso não vai ficar mais barato?
– e se ficar mais caro?
– mas se ficar mais barato amanhã é sacanagem
– será que não valeria a pena esperar mais para o fim do mês?
Voltamos aos infoprodutos. E sem demonizar. Vender curso é bom, devemos passar nosso conhecimento para a frente e ser remunerado por isso. Esse ponto me parece ser muito consensual. É quase certo que todos nós já estivemos do outro lado também. É muito bom comprar um curso que nos ensine o que buscávamos. O problema é que tudo é curso, venda e promoção do curso. Depois, é só reler a última oração antes do ponto.
– você destampa a caneta da forma errada. Neste curso, vou te ensinar como fazer isso da forma mais eficiente e fazer com que sua caneta renda 20x mais. É só clicar no link da bio.
Hiperbolizei um exemplo. De qualquer forma, esse tema conversa com os outros tipos de perfis. Não grave, muito menos venda um curso que só ensina o que todo mundo já sabe. As pessoas só caem nessa uma vez. Além de ser desonesto.
Outro ponto, como você vai vender curso, ebook, mentoria, palestra, se você não coloca pra fora parte desse teu conhecimento? Não há nada que você possa compartilhar de graça? Se não houver, volte ao tópico 1.
4. A personificação do resultado
Esse tipo de perfil é o que mais tem. A jornada é sempre perfeita e recompensadora. No trabalho, uma máquina de resultados e entregas. Nunca falhou e nunca falhará. Desenvolve todas as teorias que o fizeram chegar onde chegou (mesmo sem dizer onde fica esse lugar).
No conteúdo, é sempre o que “tem que fazer”, mas nunca “como fazer”.
– critique meus métodos (ou a falta deles), mas nunca meus resultados
Não sou hipócrita, sei que ninguém está disposto a abrir a aba de publicação para escrever:
– hoje, eu fracassei!
O problema é quando só fala do resultado e nunca do processo. E isso não é entregar o ouro. Sei que há muitos creators que tem receio em contar como chegou onde chegou, com medo de que isso aumente a concorrência, mostre possíveis fragilidades, sendo que é justamente o contrário!
Mostrar como você chegou, erros e acertos, dificuldades, incertezas, são fatores de valorização do seu próprio trabalho. Tenha isto como um mantra: a transparência é o paradigma que mais nos conecta com o real.
Você não precisa compartilhar sua planilha de excel ou suas páginas no Notion, mas explique como você pensou e aplicou seus métodos.
Pra fechar
Acho que agora você já sabe quem não ser e o que não fazer. Propor um “guia do mundo invertido” contribui para identificarmos o que está dando errado. Muitas vezes, nos deparamos analisando métricas, buscando maior especificação do nosso público-alvo, alterando o formato do conteúdo, mudando a linguagem, quando no fim, o que precisa ser feito é basilar. Há várias formas de executar e dar certo. Mas também é importante olharmos para fora para perceber o que fazemos por aqui.