Marcas e criadores estão aproveitando a inteligência artificial para criar influenciadores que não são reais.
É importante ressaltar que o problema não é eles não serem pessoas (de carne e osso), até porque estamos acostumados a ver, por exemplo, personagens de desenhos animados estrelando campanhas publicitárias.
O que estamos tratando nesse caso é o impacto que influenciadores gerados por inteligência artificial — não é a Magali da Turma da Mônica — causam, principalmente, nas gerações mais novas.
Por que esses influenciadores têm ganhado cada vez mais espaço?
O aumento de influencers gerados por inteligência artificial levanta uma questão central: qual o valor de ter um conteúdo humanizado?
O marketing de influência é uma indústria multibilionária, em crescimento, portanto, atrativa. Utilizar influenciadores é uma forma de ter mais controle sobre o conteúdo, além de economizar tempo e dinheiro. Combinação perfeita?
Outro fator de atração é a influência desse tipo de marketing: cerca de 80% dos consumidores disseram ter se interessado por um produto ou serviço por meio de uma postagem de influenciador, em 2023, segundo a Marketing Dive.
Você conhece esses influencers virtuais?
Lu do Magalu
Aqui no Brasil, a Lu do Magalu tem 7,1 milhões de seguidores no Instagram e promove produtos que vão de celulares a maquiagem.
Miguela Sousa
Miquela Sousa — uma das primeiras influenciadoras virtuais — tem 2,5 milhões de seguidores no Instagram e já modelou para grandes marcas como Chanel, Prada e Supreme.
fonte: Axios
Diminuição do custo e do tempo
Imagine se uma marca de moda pudesse obter o mesmo retorno colocando sua nova bolsa em um influenciador virtual em vez de enviar dezenas de bolsas para influenciadores humanos avaliarem.
Eles também podem ampliar a representatividade. As marcas podem modelar suas roupas em pessoas de diferentes origens — e alcançar mais consumidores.
Além disso, para o bem ou para o mal, pesquisas mostram que a Geração Z — que concentra boa parte do público alvo — não se importa se os influenciadores são reais ou fictícios.
Perigos dos Influencers feitos por IA
Pessoas reais atuam de forma ativa ao negociar com as marcas, enquanto influenciadores feitos por IA podem ser manipulados para dizer qualquer coisa.
Ser influenciador é uma carreira relativamente nova, mas já está sob ameaça da IA. Para qualquer um que trabalhe com ideias ou conteúdo, é no mínimo ameaçador saber que criadores reais e virtuais podem gerar o mesmo impacto. A concorrência é desleal.
Inclusão digital?
Gerar influenciadores virtuais com diferentes tipos de corpo e tons de pele expande a representatividade, mas impede que influenciadores reais, vindos dessas origens sub-representadas, aproveitem essas oportunidades.
A capacidade de criar influenciadores hiper-específicos que atraem certos públicos pode levar as pessoas a aumentar seu grau de consumo.
Claire Leibowicz, head de AI e Media Integrity Program no The Partnership on AI disse ao portal Axios que entende que influenciadores virtuais têm uma aparência sintética clara e intencional, mas que “está se tornando muito fácil fingir ser uma pessoa real na web, não apenas parecer uma pessoa real, mas se comportar e interagir como um humano de verdade”, completa.
Conclusão
O uso de influenciadores criados por IA impacta o marketing de influência, oferecendo menos custos para as marcas.
No entanto, essa nova era digital também levanta questões éticas e preocupações sobre o impacto na autenticidade do conteúdo e na carreira de influenciadores humanos.
Embora a representatividade possa ser ampliada, há o risco de que oportunidades reais sejam reduzidas, e o limite entre o real e o virtual se torne cada vez mais tênue, exigindo atenção ao equilíbrio entre inovação e responsabilidade.