Em julho deste ano, a Casa Branca anunciou a primeira conferência sobre creator economy. Após o evento, quais perspectivas e lições podemos tirar?
Para dar dimensão, trazemos o relato de Shira Lazar, escritora e especialista em creator economy, que foi uma das 100 pessoas selecionadas entre aproximadamente 2 mil candidatos para participar da conferência.
Reconhecimento de uma economia de mercado
Como o presidente Biden reconheceu durante a conferência: “Vocês são o futuro… Mais pessoas querem entrar no seu negócio do que em qualquer outro.” Essa declaração não foi apenas um aceno ao poder dos criadores – foi um reconhecimento do papel desses profissionais na formação da economia.
Segundo Biden e muitos relatórios, a economia dos criadores é atualmente uma indústria de US$ 250 bilhões e deve dobrar nos próximos anos.
Creator Economy é mais do que ser creator
Mas a realidade é que você não precisa ser um criador de conteúdo típico para participar dessa economia dos criadores. O Além da Influência já havia escrito sobre isso no texto “Creator Economy pode chegar a 2,4 trilhões até 2027: O que você precisa saber para entrar nesse mercado?”
Todos nós fazemos parte do ecossistema – desde os influenciadores que conhecemos, até suas equipes, comunidades e os negócios e plataformas construídos em torno de seu conteúdo.
Essa diversidade também foi refletida nos participantes, explica Lazar, não apenas em criadores de conteúdo, mas advogados, representantes, executivos, fundadores, construtores de comunidades e líderes sindicais.
Necessidade de regulamentação
De muitas maneiras, a economia dos criadores não estaria onde está sem muitos de nós, que somos inerentemente apenas empreendedores solo e pequenas empresas – ou, como foi mencionado em uma das sessões, empreendedores criativos.
No entanto, ficou claro ao longo da conferência que não há regulamentações e proteções suficientes para todos nós.
Muitos descrevem o espaço da mídia digital como o “velho oeste”, mas Lazar entende que é hora de aposentar esse termo em um cenário que vale bilhões.
Essa lacuna clara permitiu que as grandes empresas de tecnologia prosperassem, enquanto muitos creators mal sobreviviam à medida que o espaço de conteúdo social explodiu. Com isso, não é surpresa que a indústria também esteja preocupada com a IA.
Essencialmente, as grandes empresas de tecnologia estão vencendo novamente, enquanto todos nós corremos o risco de ser explorados e possivelmente ficarmos sem emprego.
Apoio do governo aos creators
A administração Biden enfatizou, por meio de conversas sobre saúde mental, IA e remuneração justa, que está comprometida em ouvir os criadores e tentar abordar esses desafios com o tempo que ainda lhe resta no cargo.
Apoiar a economia dos criadores é, fundamentalmente, sobre capacitar indivíduos a perseguirem seus sonhos e trazerem suas criações à vida – um conceito profundamente enraizado no espírito americano. E eu digo isso como canadense.
Christian Tom, diretor do Escritório de Estratégia Digital da Casa Branca, comparou esse espaço ao advento do sistema ferroviário no final do século XIX, que “alterou a percepção das pessoas sobre tempo e espaço… o que causou uma mudança de paradigma”, e que estamos em um momento igualmente crucial agora.
Ética e responsabilidade na creator economy
Enquanto Biden brincou sobre a classe digital estar tirando empregos da mídia tradicional e que ele mesmo poderia precisar de um emprego em breve, ele também enfatizou a responsabilidade dos creators em ser a fonte de notícias para a próxima geração e “mudar toda a dinâmica na maneira como nos comunicamos”.
Como garantir que as coisas certas e éticas sejam feitas? Se não se pode contar com as grandes empresas para fazer o trabalho, é hora de o governo federal intervir.
Conclusão
A conferência sobre a creator economy na Casa Branca trouxe à tona a importância e o impacto crescente dos criadores de conteúdo na economia global, destacando a necessidade urgente de regulamentação e apoio governamental para garantir um ambiente justo e sustentável.
O evento não só reconheceu o papel vital desses profissionais, mas também reforçou a responsabilidade ética que eles carregam como novas vozes da comunicação.
Em um cenário em rápida transformação, onde a inovação e a responsabilidade devem caminhar lado a lado, o apoio governamental se mostra essencial para equilibrar o poder entre criadores e grandes empresas de tecnologia, garantindo que o futuro da creator economy seja inclusivo e equitativo para todos.