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Como a Gestão Estratégica pode resolver desafios globais como Sustentabilidade e Tecnologia

Sumário

Muitos problemas globais atuais, como sustentabilidade, tecnologia, habilidades e diversidade, só podem ser resolvidos por organizações. No texto de hoje, trouxemos o artigo “The economics of organisational strategy” publicado na VoxEU CEPR para falar sobre estratégias e cultura organizacional.

Este artigo argumenta que mais trabalho é necessário para entender a gestão estratégica nas empresas, como elas se comportam e como respondem a incentivos econômicos. 

As organizações desempenham um papel central em nossas economias, e muitos dos problemas globais atuais só podem ser resolvidos por elas.

Por exemplo, sustentabilidade, inovação, tecnologia, habilidades, diversidade e os desafios recentes impostos pela inteligência artificial são todos mediados por escolhas organizacionais.

Até mesmo abordar a desigualdade exige uma compreensão do que as organizações, particularmente as empresas, fazem.

Hoje, muito mais trabalho é necessário para entender completamente como as organizações se comportam e respondem a incentivos econômicos.

Por exemplo, trabalhos mais recentes começaram a desvendar a “caixa preta” das organizações, mostrando que elas muitas vezes não funcionam muito bem. Existe uma grande heterogeneidade no desempenho entre organizações que, de outra forma, são semelhantes, particularmente entre empresas. Isso implica que recursos escassos estão sendo utilizados de maneira ineficiente, e há um enorme potencial para entender por que a ineficiência persiste.

Tomada de decisão individual e as escolhas em nível organizacional

A gestão estratégica — um domínio chave de atividade dentro das organizações — é uma área que até agora tem sido objeto de uma análise limitada dentro da economia.

Preencher essa lacuna de conhecimento é importante: por exemplo, se quisermos entender como as empresas respondem a desafios como a chegada de tecnologias disruptivas, como a inteligência artificial generativa (GenAI) ou a transição verde, não é suficiente estudar apenas a adaptação organizacional.

Esses desafios exigem uma reavaliação fundamental da direção estratégica das empresas — com implicações significativas para o design organizacional ótimo.

Da mesma forma, uma melhor compreensão das estratégias das empresas pode ajudar a projetar políticas mais eficazes.

Por exemplo, uma consideração explícita das estratégias das empresas é essencial para o desenvolvimento de políticas industriais em setores estratégicos — como semicondutores — onde as empresas fazem compromissos de capital substanciais ao longo de longos períodos.

Portanto, entender as estratégias de longo prazo e as estruturas organizacionais dos principais players na cadeia de suprimentos de semicondutores é crucial para inferir a probabilidade de que a política industrial possa gerar os resultados desejados.

Isso apresenta um caso convincente para a incorporação de uma perspectiva de gestão estratégica no estudo das organizações.

Especificamente, precisamos entender como as decisões empresariais são tomadas e como a tomada de decisões pode ajudar a explicar a ampla heterogeneidade que observamos no desempenho das empresas.

Aproximar-se da estratégia também pode ajudar a economia a recuperar influência com os tomadores de decisão reais que, até hoje, são provavelmente mais influenciados pela estratégia do que pela economia, uma cisão que começou há 40 anos com o surgimento do modelo das cinco forças de Porter, graças à sua acessibilidade e pragmatismo.

Para influenciar (e melhorar) a tomada de decisão nas organizações, devemos reconhecer essa realidade e entender a lógica e a linguagem por trás dos processos de decisão reais, para que mensagens importantes provenientes da pesquisa econômica não sejam perdidas na tradução para os tomadores de decisão reais.

A economia organizacional e estratégica não é apenas relevante para as empresas

Organizações de vários tipos — como aquelas na saúde, educação e administração pública — são onipresentes.

Apesar de seus propósitos diferentes, todas essas organizações precisam de uma estratégia para alcançar seus objetivos. Isso levanta várias questões importantes.

Por exemplo, até que ponto podemos reconhecer padrões comuns no funcionamento ou na formulação de estratégias de diferentes organizações?

Como essas organizações diferem em suas abordagens estratégicas? Elas são afetadas por desafios semelhantes, como o impacto da inteligência artificial, ou suas questões variam, e por quê?

Na economia da educação, por exemplo, podemos ver as escolas como organizações, com diretores ou conselhos atuando como estrategistas que devem tomar decisões-chave sobre o futuro e o funcionamento da organização.

Qual é um possível caminho a seguir?

Visualizamos um espaço que vai da estrutura das organizações à definição de seus objetivos e estratégias para alcançá-los.

Esse espaço combina economia organizacional e estratégia: a economia organizacional usa a lógica e os métodos econômicos para entender a existência, natureza, design e desempenho de organizações (geridas). A estratégia diz respeito a como os agentes tomam grandes decisões nas organizações.

Esses campos de pesquisa estão inter-relacionados porque a tomada de decisões estratégicas requer uma compreensão de como as organizações funcionam, e muitas questões organizacionais podem ser vistas através da lente da tomada de decisão — como a decisão de implementar práticas específicas, apoiar sistemas de incentivos particulares, investir em novas tecnologias ou desenvolver certas habilidades.

Precisamos estudar essas interdependências e desenvolver uma estrutura unificada, ou pelo menos uma estrutura na qual esses temas dialoguem, para entender como o funcionamento organizacional afeta as decisões estratégicas e vice-versa.

Precisamos de uma abordagem fundamentada para entender quais decisões são consideradas, como são tomadas, como se traduzem em ações dos agentes em toda a hierarquia, como são influenciadas e atualizadas em resposta a estímulos externos (mudanças na competição, incentivos ou políticas) e, mais importante, se existe uma teoria por trás de suas decisões. 

Conclusão

Dado que passamos grande parte de nossas vidas dentro delas, as organizações merecem ser estudadas.

Mas, ainda mais importante, as decisões das empresas e como essas decisões são mediadas por escolhas organizacionais são fatores-chave que precisam ser mobilizados para enfrentar questões globais urgentes, como a transição verde, inovação, tecnologia, habilidades, diversidade e os desafios impostos pela inteligência artificial.

Argumentamos que nem as escolhas organizacionais internas nem as decisões estratégicas devem ser analisadas isoladamente.

Considerá-las em conjunto não apenas aumentará nossa compreensão de cada uma, mas também aumentará nossa influência, garantindo que nossas percepções sejam ouvidas e compreendidas.

Em última análise, basear-se e enriquecer essas tentativas iniciais também pode nos ajudar a projetar melhores políticas que tenham uma maior probabilidade de serem adotadas e implementadas.

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