O relatório publicado pela We Are Social mostra que o cenário cada vez mais profissionalizado, novas normas de produção, mudanças no público e a demanda por conteúdo autêntico e contínuo mudaram permanentemente o panorama dos criadores.
Esse fenômeno acompanha o crescimento da creator economy, cuja contribuição dos investimentos em influenciadores aumentou 17% no ano passado, com previsão de chegar a 56 bilhões de dólares na próxima década.
No entanto, não é apenas a escala da creator economy que está mudando. A necessidade de estar “sempre online” está influenciando como os creators operam e como os públicos interagem.
Conduzido pela We Are Social, o relatório destaca cinco tendências que estão definindo uma nova era de colaboração entre marcas e criadores. Essas tendências foram derivadas de uma abordagem metodológica mista que combina pesquisas contextuais, entrevistas com especialistas e insights da plataforma de identificação de influenciadores Tagger, para identificar os 100 criadores que mais crescem.
Vamos as 5 tendências:
O direito à reinvenção
Embora a evolução pessoal crie boas histórias, esse foco na ‘jornada’ complicou nossa ideia de autenticidade na economia de criadores de hoje.
Com influenciadores infantis crescendo e figuras estabelecidas envelhecendo, o público está acostumado a ver as pessoas mudarem.
Nesse contexto, os criadores estão planejando suas evoluções para atrair novos espectadores.
Isso é especialmente verdadeiro para criadores cujas personas estão ligadas a estágios de vida específicos, como o início da maternidade ou os primeiros dias de estrelato pop, onde a reinvenção em frente às câmeras parece natural.
À medida que mudam suas identidades, também alteram seu público, e os criadores precisam equilibrar a atração de novos espectadores com a ressonância com sua base de fãs central.
Para marcas perspicazes, essa possibilidade de criadores com carreiras mais longas é uma nova oportunidade.
Com uma consideração cuidadosa sobre como o público de um criador pode mudar, há espaço para conexões mais longas e profundas com a audiência.
Realismo (de verdade)
Conteúdo aspiracional é o pilar da influência. Mas hoje, com a maioria das pessoas buscando estabilidade, não luxo, a aspiração precisa mudar de forma para se manter realista.
Nesse contexto, criadores que promovem “a boa vida” precisam reavaliar o que essa vida representa para que ela pareça relevante para as pessoas comuns. Isso abriu mais espaço para criadores que posicionam estilos de vida engraçados ou tranquilizantes, não necessariamente ricos, como aspiracionais.
Por exemplo, as pessoas estão se engajando com criadores regionais em busca de conteúdo de estilo de vida mais próximo da realidade de audiências fora das grandes capitais, e também porque oferecem perspectivas alternativas.
Com o conteúdo de estilo de vida aspiracional se tornando mais difícil de vender no atual cenário econômico, as marcas devem considerar com cuidado seu posicionamento. Elas podem se associar a criadores cuja visão de “boa vida” seja mais alcançável e saudável, em vez de excessivamente luxuosa.
Ao mesmo tempo, marcas de estilo de vida podem colaborar com criadores que perseguem versões “suaves” de paixões ou passatempos.
Valores sempre importam
Nos últimos anos, criadores têm se engajado em atos de altruísmo para demonstrar suas credenciais éticas.
Mas nesse contexto, há uma preocupação crescente de que a filantropia esteja sendo usada apenas para ganhar notoriedade online. À medida que o público se torna cético em relação à postura moral, os criadores estão trocando o trabalho que afirma valores por ações que desafiam o status quo.
Um número crescente de criadores visa mostrar identidades multifacetadas, enquanto mais influenciadores estão usando suas plataformas para desafiar e educar, analisando tanto eventos históricos obscuros quanto momentos culturais contemporâneos.
À medida que os criadores trocam valores por ações, as marcas devem ir além da representação, apoiando negócios de propriedade de minorias e colaborando com comunidades sub-representadas ao longo do ano.
Além disso, podem se associar à indústria e a outras marcas para criar mudanças significativas.
Criatividade aprofundada
Nos canais sociais de hoje, uma nova onda de criatividade culturalmente impactante está prosperando, impulsionada por criadores que dominaram modos de comunicação “muito online”.
Essas abordagens – desde a criação de conteúdo inspirado em fanfics até a repaginação da vulnerabilidade como entretenimento – estão elevando o nível criativo para todos, especialmente para as marcas, que precisam ser tão divertidas quanto seus equivalentes humanos, mas sem a mesma licença para imperfeições ou charme humano atribuídos às pessoas reais.
Segundo o relatório, há mais humor subversivo no conteúdo dos criadores. Enquanto as marcas podem enfrentar reações negativas ao brincar com tópicos sensíveis como o vício, parcerias permitem maior flexibilidade para engajar com humor culturalmente autêntico.
Parcerias com criadores podem ajudar as marcas a acessar gêneros de criatividade “muito internet” em espaços que antes estavam fora de seu alcance.
Colaborar com criadores que são fãs ávidos de algum nicho cultural pode levar isso adiante, ajudando as marcas a participar mais autenticamente da prática de fandom que define a internet de hoje.
Estratégias experimentais de engajamento
A “teoria da internet morta” reflete preocupações de que bots, ciclos de tendências e conteúdo de baixa qualidade tenham mergulhado a criatividade online em crise.
Os criadores de hoje lutam para se destacar em um mar de conteúdo barulhento e veloz, que muitas vezes carece de mérito criativo.
Para se destacar, eles estão apostando no incomum e no extremo, seja fingindo a própria morte para chamar atenção para uma causa, ou desafiando o perigo para ganhar notoriedade ao disparar fogos de artifício em um helicóptero a partir de um Lamborghini.
À medida que a cultura online se torna mais extrema, as redes sociais se tornaram um lugar onde as marcas são incentivadas a serem mais lúdicas e experimentais.
Conclusão
Com essas tendências, fica claro que o universo da influência está em constante evolução, e marcas e criadores precisam se adaptar rapidamente para manter relevância e engajamento.
A autenticidade continua sendo o valor mais importante, mas é preciso repensá-la à luz das novas expectativas dos públicos. A reinvenção constante, a busca por um realismo mais próximo do cotidiano, a aliança com causas e a exploração de novos formatos criativos estão no centro dessa transformação.
As marcas que conseguirem navegar essas mudanças e colaborar de forma genuína com os criadores terão uma vantagem significativa nesse cenário competitivo.
Texto traduzido e adaptado de “Report: 5 Key trends that shape the next generation of influence”.