Identificar um desempenho insuficiente de um CEO pode ser algo bem delicado, já que os sinais iniciais costumam ser sutis antes de exigirem uma ação urgente.
A sucessão de CEOs é uma das responsabilidades mais críticas — e complexas— de um conselho. Ainda sim, segundo o Global Leadership Monitor da Russell Reynolds, apenas 52% dos diretores de conselhos se sentem confiantes em sua capacidade de criar uma estratégia bem-sucedida para a sucessão de liderança no nível executivo. Tomar a decisão certa no momento oportuno pode transformar um negócio, enquanto a decisão errada pode resultar em um líder inadequado para a cultura e as prioridades estratégicas da empresa.
Além disso, pesquisas da Harvard Business Review mostram que o baixo desempenho de CEOs reduz o retorno total aos acionistas, com nomeações de CEOs insatisfatórios nas empresas do S&P 1500 custando aos investidores mais de US$ 291 bilhões por ano.
“Quando um conselho começa a perceber que seu CEO está apresentando baixo desempenho, é crucial mitigar os riscos associados à transição de liderança e posicionar a organização para um sucesso contínuo o mais rápido possível”, aponta o relatório da Russell Reynolds. “No entanto, identificar um desempenho insuficiente pode ser algo delicado e desafiador, já que os sinais iniciais costumam ser sutis antes de exigirem uma ação urgente.
Para ajudar os conselhos a reconhecer e navegar por essa situação sensível, a Russell Reynolds Associates desenvolveu uma lista de quinze gatilhos para servir como indicadores e guiar a tomada de decisões relacionadas ao baixo desempenho de CEOs.”
A Russell Reynolds Associates apontou cinco gatilhos críticos que oferecem insights sobre quando o conselho deve agir com urgência:
- Desempenho financeiro consistentemente ruim.
Fracasso prolongado em atingir metas financeiras, perdas persistentes ou queda no valor para os acionistas. - Erosão de participação de mercado.
Declínio contínuo na participação de mercado da empresa, sem uma estratégia viável de recuperação. - Questões éticas ou legais.
Descoberta de violações éticas, legais ou condutas inconsistentes com os valores e padrões da organização. - Fracasso em alcançar metas estratégicas.
Incapacidade de implementar ou atingir os objetivos estratégicos definidos pelo conselho, falhando consistentemente nas metas organizacionais. - Incapacidade de se adaptar a mudanças no mercado.
Fracasso em se adaptar a mudanças nas condições de mercado, avanços tecnológicos ou transformações do setor, resultando em perda de competitividade.
Além disso, o relatório da Russell Reynolds oferece mais 10 indicadores iniciais e sutis de baixo desempenho que sinalizam a necessidade de mudanças no futuro:
- Falta de responsabilidade.
Demonstrada ausência de responsabilização por erros ou desempenho insatisfatório, ou recusa em assumir desafios enfrentados pela organização. - Ineficácia na gestão de crises.
Incapacidade de gerenciar crises de forma eficaz, prejudicando ainda mais a reputação e a estabilidade da empresa. - Deterioração da cultura organizacional.
Erosão da cultura da organização, queda no moral dos funcionários ou um ambiente de trabalho tóxico atribuído à liderança do CEO. - Perda de confiança deos stakeholders.
Perda de confiança de líderes da equipe, investidores, clientes, parceiros ou outras partes interessadas na capacidade do CEO de liderar eficazmente. - Problemas persistentes de comunicação.
Dificuldades contínuas em comunicar a visão e a estratégia da empresa de forma eficaz, interna ou externamente. - Relação tensa entre o conselho e o CEO.
Deterioração do relacionamento entre o conselho e o CEO, dificultando a governança e a tomada de decisões. - Perda ou risco de perda de talentos-chave.
Perda significativa ou iminente de executivos e talentos essenciais devido à insatisfação com a liderança do CEO. - Declínio contínuo apesar de intervenções.
Intervenções ou suporte do conselho não resultam em melhorias no desempenho do CEO. - Falta de resposta a feedback.
Recepção constante de feedback negativo sem ações corretivas ou receptividade a críticas construtivas. - Incompatibilidade com o estágio atual da organização.
Desalinhamento entre a experiência, qualificações e estilo de liderança do CEO com a fase atual da organização.
Conclusão
A Russell Reynolds reconhece que esses pontos podem parecer senso comum para muitos diretores. No entanto, a empresa explica que, frequentemente, o baixo desempenho de CEOs não é abordado ou é tratado tardiamente. “Uma variedade de fatores impede que os diretores de conselhos substituam um CEO: o medo de que a mudança cause mais interrupções; não querer ser visto como crítico excessivo; falta de objetividade; canais insuficientes para suportar essas discussões; a tensão entre apoiar o CEO e trazer questões à tona; e o desejo de demonstrar confiança no futuro da organização, para citar alguns exemplos”, afirma o relatório.
O relatório observa que, quando o baixo desempenho de um CEO cria uma crise ou cenário de sucessão emergencial, os conselhos devem identificar sucessores internos viáveis e potenciais interinos. “Se não houver candidatos imediatos disponíveis, o conselho deve considerar quem, entre seus membros, poderia assumir. Ter um plano bem preparado é uma obrigação responsável ao embarcar nessa trajetória”, aponta
Texto adaptado do portal Hunt Scalon Media.